quarta-feira, 30 de setembro de 2009

20 CORPO ESPIRITUAL E RELIGIOÕES



RESPONSABILIDADE E CONSCIÊNCIA

— À medi­da que a responsabilidade se lhe apossou do espírito, ilumi­nou-se a consciência do homem.
A centelha da razão convertera-se em chama divina.
A inteligência humana entendeu a grandeza do Univer­so e compreendeu a própria humildade, reconhecendo em suas entranhas a idéia inalienável de Deus.
Conduzindo-se, então, de modo racional, experimentou profundas transformações.
Percebe, nesse despertamento, que, além das opera­ções vulgares da nutrição e da reprodução, da vigília e do repouso, estímulos interiores, inelutáveis, trabalham-lhe o âmago do ser, plasmando-lhe o caráter e o senso moral, em que a intuição se amplia segundo as aquisições de conheci­mento e em que a afetividade se converte em amor, com capacidade de sacrifício, atingindo a renúncia completa.
Até à época recuada do paleolítico, interferiram as Inteligências Divinas para que se lhe estruturasse o veícu­lo físico, dotando-a com preciosas reservas para o futuro imenso.
Envolvendo-a na luz da responsabilidade, conferiam-lhe o dever de conservar e aprimorar o patrimônio recebido, e, investindo-a na riqueza do pensamento contínuo, entregaram-lhe a obrigação de atender ao aperfeiçoamento de seu corpo espiri­tual.Aceitar-se-á, razoavelmente, que até semelhante fase os tremendos conflitos da Natureza, em que se mesclavam a vio­lência e a brutalidade, foram debitados à conta da evolução ne­cessária para a discriminação de indivíduos e agrupamentos, es­pécies e raças

ATIVIDADE RELIGIOSA


— Estabelecido, porém, o princípio de justiça e aflorando a mentação incessante, o ho­mem começou a examinar em si mesmo o efeito das próprias ações, de modo a crescer, conscientemente, para a sua desti­nação de filho de Deus, herdeiro e colaborador da Sua Obra Divina.

Espicaça-se-lhe, então, a curiosidade construtiva.
Faminto de elucidações adequadas quanto ao próprio caminho, ergue as antenas mentais para as estrelas, recolhen­do os valores do espírito que lhe consubstanciam o patrimônio de revelações do Céu, através dos tempos.

Era necessário satisfazer ao acrisolamento do seu veí­culo sutil, na essência íntima, assegurar-lhe o transformismo anímico, revesti-lo de luminosidade e beleza e apurar-lhe os princípios para que, além do angusto círculo humano, pudes­se retratar a glória dos planos superiores.

Para isso, o pensamento reclamava orientação educati­va, de modo a despojar-se da espessa sedimentação de ani­malidade que lhe presidia os impulsos.

Exigia-se-lhe a depuração da atmosfera vital, impres­cindível à assimilação da influência divina.

E a atividade religiosa nasceu por instituto mundial de higiene da alma, traçando ao homem diretrizes à nutrição psí­quica, de vez que, pela própria perspiração, exterioriza os produtos que elabora na usina mental, em forma de eflúvios eletromagnéticos, nos quais se lhe corporificam, em movi­mento, os reflexos dominantes, influenciando o ambiente e sendo por ele influenciado.

A ciência médica, rica de experimentação e de lógi­ca, surgiria para corresponder às necessidades do corpo fí­sico, mas a tarefa religiosa viria ao encontro das civiliza­ções, plena de inspiração e disciplina, patrocinando a orientação do corpo espiritual, em seu necessário refinamento.

ENXERTO REVITALIZADOR


— Nesse sentido, a Es­piritualidade Sublime, amparando o homem, jamais lhe menos­prezou a sede de consolo e esclarecimento.

Quando mais angustiosos se lhe esboçavam os problemas da dor, com a guerra Íntima entre a razão e a animalidade, gran­de massa de Espíritos ilustrados, mas decaldos de outro sistema cósmico, renasceu no tronco genealógico das tribos terrestres, qual enxerto revitalizador, embora isso representasse para eles amarga penitência expiatória.
Constituiu-se desse modo a raça adâmica, instilando no homem renovadas noções de Deus e da vida. (9)

(9) Para mais amplo esclarecimento do assunto, aconselhamos ao lei­tor breve consulta ao Capítulo 3º do livro “A Caminho da Luz”, de autoria do Espírito Emmanuel e recebido mediunicamente por Francisco Cãndido Xa­vier. — (Nota da Editora.)

Levantam-se organizações religiosas primordiais.
Povos nômades e agrupamentos escravizados ao solo por extremado gregarismo adotaram as mais estranhas formas de fé, a se emoldurarem por barbárie natural, através de intercambio fragmentário com o plano extrafísico.

Os Espíritos exilados, presos à rede organogênica em que se lhes tecia o cárcere, no carro biológico, ainda profundamente primitivista, muita vez revoltados e endurecidos, aliavam-se às tabas selvagens, em cultos sanguinários e indescritíveis, desvai­rando-se nos mais aviltantes espetáculos de crueldade, em nome dos deuses com que fantasiavam as entidades inferiores do seu convívio doméstico.

Alguns deles, no entanto, movidos de compunção, entra­ram em fervoroso arrependimento das culpas contraídas no mundo aprimorado de que provinham, e, não obstante os emba­raços que se Lhes antepunham aos sonhos de recuperação, co­meçaram instintivamente a formar núcleos isolados para o culti­vo de meditações superiores, em sagrados tentames de elevação.

RELIGIÃO EGIPCIANA


— Depois de longos e porfia­dos milênios de luta espiritual, surgem no mundo, como grupos por eles organizados, a China pré-histórica e a Índia vêdica, o antigo Egito e civilizações outras que se perderam no abismo das eras, nos quais a religião assume aspecto enobrecido como ciência moral de aperfeiçoamento, para mais alta ascensão da mente humana à Consciência Cósmica.
Dentre todos, desempenha o Egito missão especial, orga­nizando escolas de iniciação mais profunda.
Em obediência aos requisitos da crença popular, herdeira intransigente das fixações mitológicas, mantêm o sacerdócio cultos diversos a deuses vários, nas manifestações esotéricas dos templos descerrados ao povo.
O lar e a escola, a agricultura e o comércio, as indústrias e as artes possuem gênios especiais que os presidem, em nome da convicção vulgar, mas, na intimidade do santuário, o monoteís­mo dirige a implantação da fé.
A unidade de Deus é o alicerce de toda a religião egipcia­na, em sua feição superior.
Para ela, os atributos divinos são a vontade sábia e pode­rosa, a liberdade, a grandeza, a magnanimidade incansável, o amor infinito e a imortalidade.
Em síntese, acredita que Deus plasmou os seus próprios membros, que são os deuses conhecidos. Cada um desses deu­ses secundários pode ser tomado como sendo análogo ao Deus Único, e cada um deles pode formar um tipo novo do qual se ir­radiam por sua vez, e pelo mesmo processo, Outros tipos de deuses inferiores.
Claro está que essa argumentação teológica, distanciada de mais altos roteiros da evolução, imaginava erroneamente po­tências espirituais centralizadas no Criador Excelso, quando só Deus tem a faculdade de verdadeiramente criar, mas o conceito expressa, em sentido lato, a solidariedade constante e inevitável que existe em todas as vidas de que se constitui a família do Su­premo Senhor em todo o Universo.

MISSÃO DE MOISÉS


— Os padres tebanos conheciam, de maneira precisa, a evidência do corpo espiritual que pode ex­teriorizar-se de cada criatura para ações úteis ou criminosas.
Cultivam a mediunidade em grau avançado, atendem a complexas aplicações do magnetismo, traçam disciplinas à vida Íntima e comunicam-se com os desencarnados de modo iniludí­vel, consagrando-lhes reverência especial.

Nesse campo de conhecimento mais nobre, reencarna-se Moisês como missionário da renovação, para dar à mente do povo a concepção do Deus Único, transferindo-a dos recintos imciáticos para a praça pública. Entretanto, porque a evolução dos princípios religiosos implica sempre em levantamento dos costumes, com a elevação da alma, o desbravador enfrenta bata­lhas terríveis do pensamento acomodado aos circuitos da tradi­ção em que as classes se exploram mutuamente, agravando as­sim os próprios compromissos, para afinal receber os funda­mentos da Lei, no Sinai.

Desde essa hora, o conhecimento religioso, baseado na Justiça Cósmica, generaliza-se no âmago das nações, porqüanto, através da mensagem de Moisés, informa-se o homem comum de que, perante Deus, o Senhor do Universo e da Vida, éobrigado a respeitar o direito dos semelhantes para que seja igualmente respeitado, reconhecendo que ele e o próximo são irmãos entre si, filhos de um Pai Único.

A religião passa, desse modo, a atuar, em sentido direto, no acrisolamento do corpo espiritual para a Vida Maior, através da educação dos hábitos humanos a se depurarem no cadinho dos séculos, preparando a chegada do Cristo, o Governador Es­piritual da Terra.
As idéias da justiça e da solidariedade, dos deveres coleti­vos e individuais com a higiene do corpo e da mente atingem ampla divulgação.

OS DEZ MANDAMENTOS


— Os dez mandamentos, re­cebidos mediunicamente pelo profeta, brilham ainda hoje por alicerce de luz na edificação do direito, dentro da ordem social.
A palavra da Esfera Superior gravava a lei de causa e efeito para o homem, advertindo-o solenemente:
— Consagra amor supremo ao Pai de Bondade Eterna, nEle reconhecendo a tua divina origem.
Precata-te contra os enganos do antropomorfismo, porque padronizar os atributos divinos absolutos pelos acanhados atri­butos humanos é cair em perigosas armadilhas da vaidade e do orgulho.
Abstém-te de envolver o Julgamento Divino na estreiteza de teus julgamentos.
Recorda o impositivo da meditação em teu favor e em benefício daqueles que te atendem na esfera de trabalho, para que possas assimilar com segurança os valores da experiência.
Lembra-te de que a dívida para com teus pais terrestres é sempre insolvável por sua natureza sublime.
Responsabilizar-te-ás pelas vidas que deliberadamente extinguires.
Foge de obscurecer ou conturbar o sentimento alheio, porque o cálculo delituoso emite ondas de força desorientada que voltarão sobre ti mesmo.
Evita a apropriação indébita para que não agraves as pró­prias dívidas.
Desterra de teus lábios toda palavra dolosa a fim de que se não transforme, um dia, em tropeço para os teus pés.
Acautela-te contra a inveja e o despeito, a inconformação e o ciúme, aprendendo a conquistar alegria e tranqüilidade, ao preço do esforço próprio, porque os teus pensamentos te prece­dem os passos, plasmando-te, hoje, o caminho de amanhã.

JESUS E A RELIGIÃO


— Com Jesus, no entanto, a reli­gião, como sistema educativo, alcança eminência inimaginável.
Nem templos de pedra, nem rituais.
Nem hierarquias efêmeras, nem avanço ao poder humano.
O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento eno­brecido e distribui-lhe os tesouros.
Dirige-se aos homens simples de coração, curvados para a gleba do sofrimento e er­gue-lhes a cabeça trêmula para o Céu. Aproxima-se de quan­tos desconhecem a sublimidade dos próprios destinos e asso­pra-lhes a verdade, vazada em amor, para que o sol da espe­rança lhes renasça no ser. Abraça os deserdados e fala-lhes da Providência Infinita. Reúne, em torno de sua glória que a humildade escondia, os velhos e os doentes, os cansados e os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães sofredoras e as crianças abandonadas e entrega-lhes as bem-aventuranças ce­lestes. Ensina que a felicidade não pode nascer das posses efêmeras que se transferem de mão em mão, e sim da carida­de e do entendimento, da modéstia e do trabalho, da tolerân­cia e do perdão. Afirma-lhes que a Casa de Deus está consti­tuída por muitas moradas, nos mundos que enxameiam o fir­mamento, e que o homem deve nascer de novo para progredir na direção da Sabedoria Divina. Proclama que a morte não existe e que a Criação é beleza e segurança, alegria e vitória em plena imortalidade.
Pelas revelações com que vence a superstição e o crime, a violência e a perversidade, paga na cruz o imposto de extremo sacrifício aos preconceitos humanos que lhe não perdoam a soberana grandeza, mas, reaparecendo redivivo, para a mesma Humanidade que o escarnecera e crucificara, desvenda-lhe, em novo cantico de humildade, a excelsitude da vida eterna.
REVIVESCÊNCIA DO CRISTIANISMO — Erige-se, desde então, o Evangelho em código de harmonia, inspirando o devotamento ao bem de todos até o sacrifício voluntário, a fra­ternidade viva, o serviço infatigável aos semelhantes e o perdão sem limites.
Iniciam-se em todo o Orbe imensas alterações. A cruelda­de metódica cede lugar à compaixão. Os troféus sanguinolentos da guerra desertam dos santuários. A escravidão de homens li­vres é sacudida nos fundamentos para que se anule de vez. Le­vanta-se a mulher da condição de alimária para a dignidade hu­mana. A filosofia e a ciência admitem a caridade no governo dos povos. O ideal da solidariedade pura começa a fulgir sobre a fronte do mundo.
Moisés instalara o princípio da justiça, coordenando a vida e influenciando-a de fora para dentro.
Jesus inaugurou na Terra o princípio do amor, a exteriori­zar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota para Deus.
E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge agora no Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da vida ínti­ma, para que nossa alma se liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada, para as culminâncias da Luz.

Pedro Leopoldo, 13/4/58.



SEGUNDA PARTE

21 ALIMENTAÇÃO DOS DESENCARNADOS

- Como se verifica a alimentação dos Espíritos desen­carnados?
- Encarecendo a importância da respiração no sustento do corpo espiritual, basta lembrar a hematose no corpo físico, pela qual o intercâmbio gasoso se efetua com segurança,
através dos alvéolos, nos quais os gases se transferem do meio exterior para o meio interno e vice-versa, atendendo à assimilação e de­sassimilação de variadas atividades químicas no campo orgâni­co.
O oxigênio que alcança os tecidos entra em combinação com determinados elementos, dando, em resultado, o anidrido carbônico e a água, com produção de energia destinada à manutenção das províncias somáticas.
Estudando a respiração celular, encontraremos, junto aos próprios arraiais da ciência humana, problemas somente eqüa­cionáveis com a ingerência automática do corpo espiritual nas funções do veículo físico, porque os fenômenos que lhe são consequentes se graduam em tantas fases diversas que o fisiolo­gista, sem noções do Espírito, abordá-los-á sempre com a per­plexidade de quem atinge o insolúvel.
Sabemos que para a subsistência do corpo físico é impres­cindível a constante permuta de substâncias, com incessante transformação de energia.
Substância e energia se conjugam para fornecer ao carro fisiológico os recursos necessários ao crescimento ou à repara­ção do contínuo desgaste, produzindo a força indispensável àexistência e os recursos reguladores do metabolismo.
O alimento comum ao corpo carnal experimenta, de início, a digestão, pela qual os elementos coloidais indifusíveis se transubstanciam em elementos cristalóides difusíveis, conver­tendo-se ainda as matérias complexas em matérias mais sim­ples, acessíveis à absorção, a que se sucede a circulação dos va­lores nutrientes, suscetíveis de aproveitamento pelos tecidos, seja em regime de aplicação imediata, seja no de reserva, desti­nando-se os resíduos à expulsão natural.
A ciência terrena não desconhece que o metabolismo guarda a tendência de manter-se em estabilidade constante, tan­to assim que, reconhecidamente, a despesa de oxigênio e o teor de glicemia em jejum revelam quase nenhuma diferença de dia para dia.
É que o corpo espiritual, comandando o corpo físico, sana espontaneamente, quando harmonizado em suas próprias funções, todos os desequilíbrios acidentais nos processos metabólicos, presidindo as reações do campo nutritivo comum.
Não ignoramos, desse modo, que desde a experiência car­nal o homem se alimenta muito mais pela respiração, colhendo o alimento de volume simplesmente como recurso complemen­tar de fornecimento plástico e energético, para o setor das calo­rias necessárias à massa corpórea e à distribuição dos potenciais de força nos variados departamentos orgânicos.
Abandonado o envoltório físico na desencarnação, se o psicossoma está profundamente arraigado às sensações terres­tres, sobrevém ao Espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar, e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto-reajustamen­to, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão espeta­cular.
Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do Plano Espiritual, onde encontram ali­mentação semelhante à da Terra, porém fluídica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos sistemas de sus tentação da Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de substância é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evi­dencie o enobrecimento da alma, porqüanto, pela difusão cutâ­nea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade, nu­tre-se de produtos sutilizados ou sínteses quimioeletromagnéti­cas, hauridas no reservatório da Natureza e no intercâmbio de raios vitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si.
Essa alimentação psíquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia orgânica e mental da per­sonalidade. Daí porque toda criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral.
De qualquer modo, porém, o corpo espiritual com alguma provisão de substância específica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se apenas da difusão cutânea para refa­zer seus potenciais energéticos, conta com os processos da assi­milação e da desassimilação dos recursos que lhe são peculia­res, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos, pela epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela harmonia de nível, nas operações nutriti­vas, e pela essencialização dos elementos absorvidos, não exis­tem para o veículo psicossomático determinados excessos e in­conveniências dos sólidos e líquidos da excreta comum.

Uberaba, 16/4/58.

22 LINGUAGEM DOS DESENCARNADOS


- Como se caracteriza a linguagem entre os Espíritos?
- Incontestavelmente, a linguagem do Espírito é, acima de tudo, a imagem que exterioriza de si próprio.
Isso ocorre mesmo no plano físico, em que alguém, sa­bendo refletir-se, necessitará poucas palavras para definir a lar­gueza de seus planos e sentimentos, acomodando-se à síntese que lhe angaria maior cabedal de tempo e influência.
Círculos espirituais existem, em planos de grande subli­mação, nos quais os desencarnados, sustentando consigo mais elevados recursos de riqueza interior, pela cultura e pela grande­za moral, conseguem plasmas, com as próprias idéias, quadros vivos que lhes confirmem a mensagem ou o ensinamento, seja em silêncio, seja com a despesa mínima de suprimento verbal, em livres circuitos mentais de arte e beleza, tanto quanto muitas Inteligências infelizes, treinadas na ciência da reflexão, conse­guem formas telas aflitivas em circuitos mentais fechados e ob­sessivos, sobre as mentes que magneticamentejugulam.
De acordo com o mesmo princípio, Espíritos desencarna­dos, em muitos casos, quando controlam as personalidades me­diúnicas que lhes oferecem sintonia, operam sobre elas à base das imagens positivas com que as envolvem no transe, compe­lindo-as a lhes expedir os conceitos.
Nessas circunstâncias, expressa-se a mensagem pelo sis­tema de reflexão, em que o médium, embora guardando o córtex encefálico anestesiado por ação magnética do comunicante, lhe recebe os ideogramas e os transmite com as palavras que lhe são próprias.
Todavia, não obstante reconhecermos que a ima­gem está na base de todo intercâmbio entre as criaturas encarna­das ou não, é forçoso observar que a linguagem articulada, no chamado espaço das nações, ainda possui fundamental impor­tância nas regiões a que o homem comum será transferido ime­diatamente após desligar-se do corpo físico.

Pedro Leopoldo, 20/4/58.

23 CORPO ESPIRITUAL E VOLITAÇÃO


- Podemos receber alguma informação sobre a volita­ção do corpo espiritual?
- Na metamorfose dos insetos, a histólise alcança nota­damente os músculos e a máquina digestiva, atingindo apenas levemente o sistema nervoso e o sistema circulatório.
Efetuado o processo histolltico, segundo referencias ali­nhadas em outra parte do nosso estudo, os órgãos diferenciados voltam à posição embrionária que lhes era característica e só en­tão as células entram em segmentação, formando na histogênese os órgãos definitivos do inseto adulto, armado de recursos para librar na atmosfera.
Assim também, após a transfiguração ocorrida na morte, a individualidade ressurge com naturais alterações na massa mus­cular e no sistema digestivo, mas sem maiores inovações na constituição geral, munindo-se de aquisições diferentes para o novo campo de equilíbrio a que se transfere, com possibilidades de condução e movimento efetivamente não sonhados, já que o pensamento contínuo e a atração, nessas circunstâncias, não mais encontram certas resistências peculiares ao envoltório físi­co.
Ao homem comum, na encarnação, não é fácil, todavia, a articulação de uma idéia segura com respeito às condições de seu próprio corpo espiritual, além-túmulo, porque a mente, no plano físico, está inteiramente condicionada ao trabalho específico que lhe compete realizar, inelutavelmente circunscrita aos problemas de estrutura, e, por isso mesmo, incapacitada de identificar o reino inteligente de raios e ondas, fluídos e ener­gias turbilhonantes em que vive.
— Como entendermos a mente em si, individualizada e operante, se as células do corpo espiritual têm vida pró­pria como as do corpo físico?
— O problema é de simples orientação, qual acontece numa fábrica de largas proporções em que a gerência, unificada em seus programas de ação, supervisiona e comanda centenas de máquinas com diversos implementos cada uma, convergindo todas as peças do serviço para fins determinados.
— Quais os mecanismos das alterações de cor, densi­dade, forma, locomoção e ubiqüidade do corpo espiri­tual?
— A pergunta está criteriosamente formulada, no entanto, para a ela responder com segurança precisaremos dispor, na Terra, de mais avançadas noções acerca da mecânica do pensa­mento.
— Em que condições o corpo espiritual de um desen­carnado sofrerá compressões, escoriações ou ferimen­tos?
— Dentro do conceito de relatividade, isso se verifica nas mesmas condições em que o corpo físico é injuriado dessa ou daquela forma na Terra.
Não dispomos, entretanto, presentemente, de terminologia adequada na linguagem terrestre para mais amplas definições do assunto.
— Qual é a ordem de formação dos centros vitais pelo princípio inteligente no seu corpo espiritual?
— Sabemos que a formação dos centros vitais começou com as primeiras manifestações da plasmocinese nas células, sob a orientação das Inteligências Superiores; contudo, não dis­pomos ainda de particularidades técnicas para penetrar nesse domínio da ciência ontogenética.
— Como se processa a exteriorização dos centros vitais?
- Associando conhecimento magnético e sublimação es­piritual, os cientistas humanos chegarão, por si próprios, à reali­zação referida, como já atingiram noções preciosas quanto à re­gressão da memória e exteriorização da sensibilidade.
— Qual a importância da relação existente entre o baço e o centro esplênico, se o baço pode ser extirpado sem maiores prejuízos à continuação da existência do encar­nado?
— Compreendamos que a extirpação do baço em sua ex­pressão física, no corpo carnal, não significa a anulação desse órgão no corpo espiritual e que, interligado a outras fontes de formação sangüínea no sistema hematopoético, prossegue fun­cionando, embora imperfeitamente, no campo somático, atento às articulações do binário mente-corpo.
— Como compreenderemos a situação dos centros vitais no caso dos “ovóides”?
— Entendereis fácilmente a posição dos centros vitais do corpo espiritual, restritos na “ovoidização” — apesar de não terdes elementos terminológicos que a exprimam —, pensando na semente minúscula que encerra dentro dela os princípios or­ganogênicos da árvore em que se converterá de futuro.

Uberaba, 23/4/58.

24 LINHAS MORFOLÓGICAS DOS DESENCARNADOS


- A que diretrizes obedecem as entidades desencarnadas para se apresentarem morfologicamente?
- As linhas morfológicas das entidades desencarnadas, no conjunto social a que se integram, são comumente aquelas que trou­xeram do mundo, a evoluírem, contudo, constantemente para melhor apresentação, toda vez que esse conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados.
A forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente no que se reporta ao sexo, mantendo-se a criatura com os distintivos psicossomáticos de homem ou de mulher, segundo a vida íntima, através da qual se mostra com qualidades espirituais acentuadamente ativas ou passivas. Fácil observar, assim, que a desencarnação li­bera todos os Espíritos de feição masculina ou feminina que estejam na reencarnação em condição inversiva atendendo a provação necessária ou a tarefa específica porqüanto, fora do arcabouço físico, a mente se exte­rioriza no veículo espiritual com admirável precisão de controle espontâneo sobre as células sutis que o constituem. (10)

(10) Devemos esclarecer que essas ocorrências, para efeito de respon­sabilidade cármica e Identificação pessoal respeitam, via de regra, a ficha individual da existência última vivida pela personalidade na Terra, situação que perdura até novo estágio evolutivo que se processa, seja na reencarnação, seja na promoção a mais alto nível de sublimação e serviço. — (Nota do Autor espiritual.)

Ainda assim, releva observar que se o progresso mental não é positivamente acentuado, mantém a personalidade de­sencarnada, nos planos inferiores, por tempo indefinível, a plástica que lhe era própria entre os homens. E, nos planos relativamente superiores, sofre processos de metamorfose, mais lentos ou mais rápidos, conforme as suas disposições Íntimas.
Se a alma desenleada do envoltório físico foi transferida para a moradia espiritual, em adiantada senectude, gastará al­gum tempo para desfazer-se dos sinais de ancianidade corpórea, se deseja remoçar o próprio aspecto, e, na hipótese de haver partido da Terra, na juventude primeira, deverá igualmente es­perar que o tempo a auxilie, caso se proponha a obtenção de tra­ços da madureza.
Cabe, entretanto, considerar que isso ocorre apenas com os Espíritos, aliás em maioria esmagadora, que ainda não dispõem de bastante aperfeiçoamento moral e intelectual, pois quanto mais elevado se lhes descortine o degrau de pro­gresso, mais amplo se lhes revela o poder plástico sobre as células que lhes entretecem o instrumento de manifestação. Em alto nível, a Inteligência opera em minutos certas altera­ções que as entidades de cultura mediana gastam, por vezes, alguns anos a efetuar.
Temos também nas sociedades respeitáveis da Espiri­tualidade aqueles companheiros que, depois de estágios de­purativos, se elevam até elas, por intercessões afetivas ou merecimentos próprios, carregando, porém, consigo, determi­nadas marcas deprimentes, como sejam mutilações que os des­figuram, inibições ou moléstias que se denunciam na psicos­fera que os envolve, ou distintivos outros menos dignos, como remanescentes de circuitos mentais dos remorsos que padeceram, a se lhes concentrarem, desequilibrados, sobre certas zonas do corpo espiritual, mas, em todos esses casos, as entidades em lide ali se encontram, habitualmente, por pe­ríodos limitados de reeducação e refazimento, para regressa­rem, a tempo breve, no rumo das sendas de saneamento e res­gate nas reencarnações redentoras.

Pedro Leopoldo, 27/4/58.

25 APRESENTAÇÃO DOS DESENCARNADOS


— Que princípios regem a apresentação dos Espíritos desencarnados aos médiuns humanos?
— O aspecto que as entidades desencarnadas assumem perante os médiuns humanos, quando se comunicam na Terra, pode variar infinitamente.
Os Espíritos superiores, pelo domínio natural que exer­cem sobre as células psicossomáticas, podem adotar a apresen­tação que mais proveitosa se lhes afigure, com vistas à obra me­ritória que se propõem realizar.
Entretanto, essa maneira de intercâmbio não é a mais co­mum, porque, de modo geral, os desencarnados impressionam os instrumentos mediúnicos encarnados na forma em que efetivamente se encontram.
Decerto, não falta indumentária digna às criaturas que se emanciparam do vaso físico, roupagem, toda ela, confeccionada com esmero e carinho por mãos hábeis e nobres da esfera extra-física.
É importante considerar, todavia, que os Espíritos desen­carnados, mesmo os de classe inferior, guardam a faculdade de exteriorizar os fluídos plasticizantes que lhes são peculiares, es­pécie de aglutininas mentais com que envolvem a mente me­diúnica encarnada, recursos esses nos quais plasmam, como lhes seja possível, as imagens que desejam expressar e que adquirem para as percepções do médium coloração e movimento, fazendo-o exprimir-se ou agir, em comportamento seme­lhante ao passivo comum na hipnose provocada. Tais fenômenos, porém, são isolados e apenas se verificam entre o médium e a entidade que o influencia, sem substância na realidade práti­ca, qual ocorre no campo das sugestões, durante a interligação mento-psíquica, entre o hipnotizado e o hipnotizador.
Como interpretaremos a existência de roupas, calça­dos e peças protéticas nas entidades desencarnadas se tais petrechos são inanimados, não sendo dirigidos de modo direto pela mente?
A mente não comanda as moléculas de algodão do vestuário de que se serve no corpo físico, mas pode usá-las, se­gundo as suas necessidades no mundo.
Ocorre o mesmo no Plano Espiritual, em que nos utiliza­mos das possibilidades ao nosso alcance para atender a esse ou àquele imperativo de nossa apresentação.

Uberaba, 30/4/58.

26 JUSTIÇA NA ESPIRITUALIDADE

- Como atua o mecanismo da Justiça no Plano Espiri­tual?
- No mundo espiritual, decerto, a autoridade da Justiça funciona com maior segurança, embora saibamos que o meca­nismo da regeneração vige, antes de tudo, na consciência do próprio indivíduo.
Ainda assim, existem aqui, como é natural, santuários e tribunais, em que magistrados dignos e imparciais examinam as responsabilidades humanas, sopesando-Lhes os méritos e demé­ritos.
A organização do júri, em numerosos casos, é aqui obser­vada, necessariamente, porém, constituída de Espíritos integra­dos no conhecimento do Direito, com dilatadas noções de culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências so­ciais, a fim de que as sentenças ou informações proferidas se atenham à precisa harmonia, perante a Divina Providência, con­substanciada no amor que ilumina e na sabedoria que sustenta.
Há delinqüentes tanto no plano terrestre quanto no plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemen­te desencarnados são entregues a julgamento específico, sempre que necessário, mas também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas, se deixam, muitas ve­zes, arrastar a paixões e caprichos inconfessáveis.
É importante anotar, contudo, que quanto mais baixo é o grau evolutivo dos culpados, mais sumário é o julgamento pelas autoridades cabíveis, e, quanto mais avançados os valores cultu­rais e morais do indivíduo, mais complexo é o exame dos pro­cessos de criminalidade em que se emaranham, não só pela in­fluência com que atuam nos destinos alheios, como também porque o Espírito, quando ajustado à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que re­conhece indispensável à própria restauração.

Pedro Leopoldo, 11/5/58.

27 VIDA SOCIAL DOS DESENCARNADOS

- Como se apresenta a vida social dos Espíritos desen­carnados?
- No Plano Espiritual imediato à experiência física, as sociedades humanas desencarnadas, em quase dois terços, per­manecem naturalmente jungidas, de alguma sorte, aos interesses terrenos.
Egressas do próprio mundo em que se lhes tramam os elos da retaguarda, quando não se desvairam nas faixas infer­nais, igualmente imanizadas ao Planeta de que se originam, trabalham com ardor, não só pelo próprio adiantamento, como também no auxílio aos que ficaram.
Naturalmente as almas que constituem a percentagem a que nos referimos, distanciadas ainda do aprimoramento ideal, procuram aperfeiçoar em si mesmas as qualidades nobres menos desenvolvidas, buscando clima adequado que lhes favoreça o trabalho.
Convictas de que tornarão à Terra para a solução dos pro­blemas que lhes enevoam ou afligem o campo íntimo, situam-se em tarefas obscuras, junto aos semelhantes, encarnados ou de­sencarnados, quando se reconhecem vitimadas pela vaidade ou pelo orgulho que ainda lhes medram no seio, e localizam-se em aprendizados valiosos da inteligência, em se vendo inábeis para os serviços especializados do pensamento, não obstante os ta­lentos sentimentais que já entesourem consigo.
Quase todas, no entanto, obedecem aos ditames do amor ou do ideal que lhes inspiram a consciência.
Aglutinam-se em verdadeiras cidades e vilarejos, com es­tilos variados, como acontece aos burgos terrestres, característi­cos da metrópole ou do campo, edificando largos empreendimentos de educação e progresso, em favor de si mesmas e a be­nefício dos outros.
As regiões purgativas ou simplesmente infernais são por elas amparadas, quanto possível, organizando-se aí, sob o seu patrocínio, extensa obra assistencial.
No plano físico, a equipe doméstica atende à consangüini­dade em que o vínculo é obrigatório, mas, no plano extrafísico, o grupo familiar obedece à afinidade em que o liame é espontâ­neo.
Por isso mesmo, na esfera seguinte à condição humana, temos o espaço das nações, com as suas comunidades, idiomas, experiências e inclinações, inclusive organizações religiosas tí­picas, junto das quais funcionam missionários de libertação mental, operando com caridade e discrição para que as idéias renovadoras se expandam sem dilaceração e sem choque.
Com esses dois terços de criaturas ainda ligadas, desse ou daquele modo, aos núcleos terrenos, encontramos um terço de Espíritos relativamente enobrecidos que se transformam em condutores da marcha ascensional dos companheiros, pelos mé­ritos com que se fazem segura instrumentação das Esferas Su­periores.

Uberaba, 14/5/58.

28 MATRIMÔNIO E DIVÓRCIO


— Poderíamos receber algumas noções acerca do matri­mônio, bem como do divórcio no Plano Físico, examina­dos espiritualmente?
— Nas esferas elevadas, as almas superiores identificam motivo de honra no serviço de amparo aos companheiros menos evolvidos que estagiam nos planos inferiores.
Não podemos olvidar que, na Terra, o matrimônio pode assumir aspectos variados, objetivando múltiplos fins. Em razão disso, acidentalmente, o homem ou a mulher encarnados podem experimentar o casamento terrestre diversas vezes, sem encon­trar a companhia das almas afins com as quais realizariam a união ideal. Isso porque, comumente, é preciso resgatar essa ou aquela dívida que contraímos com a energia sexual, aplicada de maneira infeliz ante os princípios de causa e efeito.
Entretanto, se o matrimônio expiatório ocorre em núpcias secundinas, o cônjuge liberado da veste física, quando se ajuste à afeição nobre, freqüentemente se coloca a serviço da compa­nheira ou do companheiro na retaguarda, no que exercita a com­preensão e o amor puro. Quanto à reunião no Plano Espiritual, é razoável se mantenha aquela em que prevaleça a conjunção dos semelhantes, no grau mais elevado da escala de afinidades eleti­vas. Se os viúvos e as viúvas das núpcias efetuadas em grau me­nor de afinidade demonstram sadia condição de entendimento, são habitualmente conduzidos, depois da morte, ao convívio do casal restituído à comunhão, desfrutando posição análoga à dos filhos queridos junto dos pais terrenos, que por eles se subme­tem aos mais eloqüentes e multifários testemunhos de carinho e sacrifício pessoal para que atendam, dignamente, à articulação dos próprios destinos.
Contudo, se a desesperação do ciúme ou a nuvem do des­peito enceguecem esse ou aquele membro da equipe fraterna, os cônjuges reassociados no plano superior amparam-lhe a reen­carnação, à maneira de benfeitores ocultos, interpretando-lhes a rebelião por sintoma enfermiço, sem lhes retirar o apoio amigo, até que se reajustem no tempo.
Ninguém veja nisso inovação ou desrespeito ao sentimen­to alheio, porqüanto o lar terrestre enobrecido, se analisado sem preconceitos, permanece estruturado nessas mesmas bases es­senciais, de vez que os pais humanos recebem, muitas vezes, no instituto doméstico, por filhos e filhas, aqueles mesmos laços do passado, com os quais atendem ao resgate de antigas contas, purificando emoções, renovando impulsos, partilhando compro­missos ou aprimorando relações afetivas de alma para alma. É nessa condição que em muitas circunstancias surgem nas enti­dades renascentes sem que o véu da reencarnação lhes esconda de todo a memória, as psiconeuroses e fixações infanto-juvenis, cuja importância na conduta sexual da personalidade é exagera­da em excesso pelos sexólogos e psicanalistas da atualidade, ca­rentes de mais amplo contato com as realidades do Espírito e da reencarnação, que lhes permitiriam ministrar aos seus pacientes mais efetivo socorro de ordem moral.
Quanto ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou não, sem vínculos graves no princípio da responsabilidade assumida em comum.
Mal saídos do regime poligâmico, os homens e as mulhe­res sofrem-lhe ainda as sugestões animalizantes e, por isso mes­mo, nas primeiras dificuldades da tarefa a que foram chamados, costumam desertar dos postos de serviço em que a vida os situa, alegando imaginárias incompatibilidades e supostos embaraços, quase sempre simplesmente atribuíveis ao desregrado narcisis­mo de que são portadores. E com isso exercem viciosa tirania sobre o sistema psíquico do companheiro ou da companheira mutilados ou doentes, necessitados ou ignorantes, após explo­rar-lhes o mundo emotivo, quando não se internam pelas aven­turas do homicídio ou do suicídio, espetaculares, com a fuga voluntária de obrigações preciosas.
É imperioso, assim, que a sociedade humana estabeleça regulamentos severos a benefício dos nossos irmãos contuma­zes na infidelidade aos compromissos assumidos consigo pró­prios, a benefício deles, para que se não agreguem a maior des­governo, e a benefício de si mesma, a fim de que não regresse àpromiscuidade aviltante das tabas obscuras, em que o princípio e a dignidade da família ainda são plenamente desconhecidos.
Entretanto, é imprescindível que o sentimento de humani­dade interfira nos casos especiais, em que o divórcio é o mal menor que possa surgir entre os grandes males pendentes sobre a fronte do casal, sabendo-se, porém, que os devedores de hoje voltarão amanhã ao acerto das próprias contas.

Pedro Leopoldo, 18/5/58.

29 SEPARAÇÃO ENTRE CONJUGES ESPIRITUAIS


- Ocorre separação entre cônjuges espirituais?
- Pode acontecer, por exemplo, que as autoridades supe­riores escolham um dos cônjuges para serviço particular entre os homens, atendendo a qualidades especiais que possua e com que deva satisfazer a questões e eventualidades terrestres. Além disso, esse ou aquele cônjuge, após venturoso estágio na esfera superior, necessita regressar aos círculos carnais para experiên­cias difíceis no resgate de compromissos determinados.
Em ambas as modalidades de separação compreensível e justa, o companheiro ou a companheira em condição de supe­rioridade, pelo menos circunstancialmente, roga, com êxito, a possibilidade de custodiar o objeto de sua veneração e de seu carinho, quase sempre na posição de reencarnados, em regime de completa renúncia.

Uberaba, 21/5/58.

30 DISCIPLINA AFETIVA


— Em que bases se verifica a disciplina afetiva nas so­ciedades espirituais das Esferas Superiores?
— Enganam-se lamentavelmente quantos possam admitir a incontinência sexual como regra de conduta nos planos supe­riores da Espiritualidade.
Médiuns que tenham observado as regiões de licenciosi­dade, ou desencarnados que a respeito delas venham a traçar essa ou aquela notícia, reportam-se apenas a lugares naturalmente inferiores, extremamente afins com a poligamia embrute­cente, por mais brilhantes se lhes externem as conceituações fi­losóficas.
Nos planos enobrecidos, realiza-se tambêm o casamento das almas, conjugadas no amor puro, verdadeira união esponsa­lícia de caráter santificante, gerando obras admiráveis de pro­gresso e beleza, na edificação coletiva (11), e quando semelhan­te enlace deva ser adiado, por circunstâncias inamovíveis, os Espíritos de comportamento superior aceitam, na Terra, a luta pela sublimação das forças genésicas, aplicando-as em trabalho digno, com abstenção do comêrcio poligâmico, tanto mais in­tensamente quanto mais ativo se lhes revele o esforço no acriso­lamento próprio.
Aliás, cabe considerar que na renúncia construtiva a que se entregam, na expectativa, às vezes longa, do amor que os in­tegrará na complementação desejada, encontram, no serviço aos semelhantes, preciosas oportunidades de burilamento e progres­so, acentuando em si mesmos os altos valores da cultura e da emoção, que lhes propiciam gozos íntimos dos mais alevanta­dos e mais puros.

(11) Para mais clara compreensão do delicado assunto que André Luis ora focaliza, pedimos ao leitor reler com atenção, no livro “Missionários da Luz”, recebido mediunicamente por Francisco Cândido Xavier, as elucidações compreendidas entre as páginas 198 e 203. — (Nota da Editora.)

Pedro Leopoldo, 25/5/58.

31 CONDUTA AFETIVA


— Qual é a conduta afetiva entre as almas enobrecidas?
— Quanto mais elevado o grau de aprimoramento da alma, mais reclamará espontaneamente de si própria a necessá­ria disciplina das energias do mundo afetivo, somente despen­dendo-as no circuito de forças em que se completa com a alma a que se encontra consorciada, ou, então, em serviço nobre, atra­vés do qual opere a evasão das cargas magnéticas de seus im­pulsos genésicos, transferindo-as para o trabalho em que se lhe projetam a sensibilidade e a inteligência.
Isso acontece no plano físico, entre aqueles cujo sistema psíquico já se distanciou suficientemente das emoções vulgares, ajustando-se em complementação fluídica ideal as almas irmãs que se matrimoniam.
Interrompida a aliança física na esfera carnal, por interferência da morte, o homem ou a mulher, consagrados à sublima­ção Íntima, se associam, quase sempre, à companheira ou ao companheiro levados à viuvez, em construtivas simbioses de ação, seja no amparo aos filhos, ainda necessitados de assistên­cia, ou na extensão de obras edificantes, porqüanto os espíritos que verdadeiramente se amam desconhecem o que seja abando­no ou esquecimento.
Atentos ao mesmo princípio de aprimoramento, aqueles que se ajustam em matrimônio superior, no Plano Espiritual, permutam as próprias forças em constante circuito energêtico, pelo qual atendem a vastíssimas obras de benemerência, na cria­ção mental de valores necessários ao progresso comum, dentro da euforia permanente que o amor sublime lhes confere. E, em lhes faltando a companhia, por intermédio da qual se integram nos mais altos ideais de burilamento e beleza, mobilizam as próprias cargas magnéticas criadoras em serviço à coletividade, com o que se elevam mais intensamente na escala da sublima­ção moral, ou, então — o que é mais freqüente —, buscam olvi­dar as próprias possibilidades de maior ascensão, solicitando posições apagadas e humildes ao pé daqueles a quem se devo­tam, a fim de ajudá-los na execução das tarefas que lhes foram assinaladas ou no pagamento das dívidas com que ainda se one­ram perante a Lei.

Uberaba, 28/5/58.

32 DIFERENCIAÇÃO DOS SEXOS


— Como se iniciou a diferenciação dos sexos?
— Os princípios espirituais, nos primórdios da organiza­ção planetária, traziam, na constituição que lhes era própria, a condição que poderemos nomear por “teor de força”, expres­sando qualidades predominantes ativas ou passivas. E entenden­do-se que a evolução é sempre sustentada pelas Inteligências Superiores, em movimentação ascendente, desde as primeiras horas da reprodução sexuada começou, sob a direção delas, a formação dos órgãos masculinos e femininos que cuhninaram morfologicamente nas províncias genésicas do homem e da mu­lher da atualidade.
Não podemos esquecer, porém, que o trabalho evolutivo no aperfeiçoamento fisiológico das criaturas terrestres ainda não foi terminado, prosseguindo, como é natural, no espaço e no tempo.
Quanto à perda dos característicos sexuais, estamos infor­mados de que ocorrerá, espontaneamente, quando as almas hu­manas tiverem assimilado todas as experiências necessárias à própria sublimação, rumando, após milênios de burilamento, para a situação angélica, em que o indivíduo deterá todas as qualidades nobres inerentes à masculinidade e à feminilidade, refletindo em si, nos degraus avançados da perfeição, a glória divina do Criador.
É imperioso reconhecer, contudo, que não podemos, ainda, em nossa posição evolutiva, formular qualquer pensamento concreto acerca da natureza e dos atributos dos Anjos, nem ajui­zar quanto ao sistema de relações que cultivam entre si.

Pedro Leopoldo, 1/6/58.

33 GESTAÇÃO FRUSTRADA


— Como compreenderemos os casos de gestação frustra­da quando não há Espírito reencarnante para arquitetar as formas do feto?
— Em todos os casos em que há formação fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante, o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos.
Dentre as ocorrências dessa espécie há, por exemplo, aquelas nas quais a mulher, em provação de reajuste do centro genésico, nutre habitualmente o vivo desejo de ser mãe, impreg­nando as células reprodutivas com elevada percentagem de atra­ção magnética, pela qual consegue formar com o auxílio da cé­lula espermática um embrião frustrado que se desenvolve, embora inutilmente, na medida de intensidade do pensamento ma­ternal, que opera, através de impactos sucessivos, condicionan­do as células do aparelho reprodutor, que lhe respondem aos apelos segundo os princípios de automatismo e reflexão. Em contrário, há, por exemplo, os casos em que a mulher, por recu­sa deliberada à gravidez de que já se acha possuída, expulsa a entidade reencarnante nas primeiras semanas de gestação, de­sarticulando os processos celulares da constituição fetal e ad­quirindo, por semelhante atitude, constrangedora dívida ante o Destino.

Uberaba, 4/6/58.

34 ABORTO CRIMINOSO


— Reconhecendo-se que os crimes do aborto provocada criminosamente surgem, em esmagadora maioria, nas classes mais responsáveis da comunidade terrestre, como identificar o trabalho expiatório que lhes diz respeito, se passam quase totalmente despercebidas da justiça huma­na?

— Temos no Plano Terrestre cada povo com o seu código penal apropriado à evolução em que se encontra; mas, considerando o Universo em sua totalidade como Reino Divino, vamos encontrar o Bem do Criador para todas as criaturas, como Lei básica, cujas transgressões deliberadas são corrigidas no próprio infrator, com o objetivo natural de conseguir-se, em cada círculo de trabalho no Campo Cósmico, o máximo de equilíbrio o com respeito máximo aos direitos alheios, dentro da mínima pena.

Atendendo-se, no entanto, a que a Justiça Perfeita se eleva, indefectível, sobre o Perfeito Amor, no hausto de Deus “em nos que movemos e existimos”, toda reparação, perante a Lei básica a que nos reportamos, se realiza em termos de vida eterna ­e não segundo a vida fragmentária que conhecemos na encarnação humana, porqüanto, uma existência pode estar repleta de acertos e desacertos, méritos e deméritos e a Misericórdia do Senhor preceitua, não que o delinqüente seja flagelado, com exte­nsão indiscriminada de dor expiatória, o que seria volúpia de castigar nos tribunais do destino, invariavelmente regidos pela Eqüidade Soberana, mas sim que o mal seja suprimido de suas vítimas, com a possível redução do sofrimento.

Desse modo, segundo o princípio universal do Direito Cósmico a expressar-se, claro, no ensinamento de Jesus que manda conferir “a cada um de acordo com as próprias obras”, arquivamos em nós as raízes do mal que acalentamos para extir­pá-las à custa do esforço próprio, em companhia daqueles que se no afinem à faixa de culpa, com os quais, perante a Justiça Eterna, os nossos débitos jazem associados.

Em face de semelhantes fundamentos, certa romagem na carne, entremeada de créditos e dívidas, pode terminar com apa­rências de regularidade irrepreensível para a alma que desencar­na, sob o apreço dos que lhe comungam a experiência, seguin­do-se de outra em que essa mesma criatura assuma a empreitada do resgate próprio, suportando nos ombros as conseqüências das culpas contraídas diante de Deus e de si mesma, a fim de reabilitar-se ante a Harmonia Divina, caminhando, assim, transitoriamente, ao lado de Espíritos incursos em regeneração da mesma espécie.

É dessa forma que a mulher e o homem, acumpliciados nas ocorrências do aborto delituoso, mas principalmente a mu­lher, cujo grau de responsabilidade nas faltas dessa natureza é muito maior, à frente da vida que ela prometeu honrar com no­breza, na maternidade sublime, desajustam as energias psicos­somáticas, com mais penetrante desequilíbrio do centro genési­co, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que frutescerão, mais tarde, em regime de produção a tempo certo.

Isso ocorre não somente porque o remorso se lhes entra­nhe no ser, à feição de víbora magnética, mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero e, por vezes, de revolta e vingança dos Espíritos que a Lei lhes reservara para filhos do próprio sangue, na obra de restau­ração do destino.

No homem, o resultado dessas ações aparece, quase sem­pre, em existência imediata àquela na qual se envolveu em com­promissos desse jaez, na forma de moléstias testiculares, disen­docrinias diversas, distúrbios mentais, com evidente obsessão por parte de forças invisíveis emanadas de entidades retardatá­rias que ainda encontram dificuldade para exculpar-lhes a deser­ção.

Nas mulheres, as derivações surgem extremamente mais graves. O aborto provocado, sem necessidade terapêutica, reve­la-se matematicamente seguido por choques traumáticos no cor­po espiritual, tantas vezes quantas se repetir o delito de lesa-ma­ternidade, mergulhando as mulheres que o perpetram em angús­tias indefiníveis, além da morte, de vez que, por mais extensas se lhes façam as gratificações e os obséquios dos Espíritos Ami­gos e Benfeitores que lhes recordam as qualidades elogiáveis, mais se sentem diminuídas moralmente em si mesmas, com o centro genésico desordenado e infeliz, assim como alguém in­debitamente admitido num festim brilhante, carregando uma chaga que a todo instante se denuncia.

Dessarte, ressurgem na vida física, externando gradativa­mente, na tessitura celular de que se revestem, a disfunção que podemos nomear como sendo a miopraxia do centro genésico atonizado, padecendo, logo que reconduzidas ao curso da maternidade terrestre, as toxemias da gestação. Dilapidado o equi­líbrio do centro referido, as células ciliadas, mucíparas e inter-calares não dispõem da força precisa na mucosa tubária para a condução do óvulo na trajetória endossalpingeana, nem para ali­mentá-lo no impulso da migração por deficiência hormonal do ovário, determinando não apenas os fenômenos da prenhez ectópica ou localização heterotópica do ovo, mas também certas síndromes hemorrágicos de suma importância, decorrentes da nidação do ovo fora do endométrio ortotópico, ainda mesmo quando já esteja acomodado na concha uterina, trazendo habi­tualmente os embaraços da placentação baixa ou a placenta pré­via hemorragipara que constituem, na parturição, verdadeiro su­plício para as mulheres portadoras do órgão germinal em desa­juste.

Enqüadradas na arritmia do centro genésico, outras altera­ções orgânicas aparecem, flagelando a vida feminina como se­jam o descolamento da placenta eutópica, por hiperatividade histolítica da vilosidade corial; a hipocinesia uterina, favorecen­do a germicultura do estreptococo ou do gonococo, depois das crises endometríticas puerperais; a salpingite tubercuksa; a de­generação cística do córto; a salpingooforite, em que o edema e o exsudato fibrinoso provocam a aderência das pregas da mucosa tubária, preparando campo propício às grandes inflamações anexiais, em que o ovário e a trompa experimentam a formação de tumores purulentos que os identificam no mesmo processo de desagregação; os síndromes circulatórios da gravidez aparen­temente normal, quando a mulher, no pretérito, viciou também o centro cardíaco, em conseqüência do aborto calculado e segui­do por disritmia das forças psicossomáticas que regulam o eixo elétrico do coração, ressentindo-se, como resultado, na nova en­carnação e em pleno surto de gravidez, da miopraxia do apare­lho cardiovascular, com aumento da carga plasmática na corren­te sangüínea, por deficiência no orçamento hormonal, daí resul­tando graves problemas da cardiopatia conseqüente.

Temos ainda a considerar que a mulher sintonizada com os deveres da maternidade na primeira ou, às vezes, até na se­gunda gestação, quando descamba para o aborto criminoso, na geração dos filhos posteriores, inocula automaticamente no cen­tro genésico e no centro esplênico do corpo espiritual as causas sutis de desequilíbrio recôndito, a se lhe evidenciarem na exis­tência próxima pela vasta acumulação do antígeno que lhe im­porá as divergências sangüíneas com que asfixia, gradativamen­te, através da hemólise, o rebento de amor que alberga carinho­samente no próprio seio, a partir da segunda ou terceira gesta­ção, porque as enfermidades do corpo humano, como reflexos das depressões profundas da alma, ocorrem dentro de justos pe­ríodos etários.

Além dos sintomas que abordamos em sintética digressão na etiopatogenia das moléstias do órgão genital da mulher, sur­preenderemos largo capítulo a ponderar no campo nervoso, à face da hiperexcitação do centro cerebral, com inquietantes mo­dificações da personalidade, a ralarem, muitas vezes, no marti­rológio da obsessão, devendo-se ainda salientar o caráter dolo­roso dos efeitos espirituais do aborto criminoso, para os gineco­logistas e obstetras delinqüentes.

- Para melhorar a própria situação, que deve fazer a mulher que se reconhece, na atualidade, com dívidas no aborto provocado, antecipando-se, desde agora, no tra­balho da sua própria melhoria moral, antes que a próxima existência lhe imponha as aflições regenerativas?

- Sabemos que é possível renovar o destino todos os dias.

Quem ontem abandonou os próprios filhos pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, necessitados de carinho e abnega­ção.

O próprio Evangelho do Senhor, na palavra do Apóstolo Pedro, adverte-nos quanto à necessidade de cultivarmos ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobre a mul­tidão de nossos males. (12)

(12) 1ª Epístola à Pedro, capítulo 4º, versículo 8 - (Nota do Autor espiritual.)

Pedro Leopoldo, 8/6/58.

35 PASSE MAGNÉTICO


— Como podemos encarar o passe magnético no campo espírita, do ponto de vista da medicina humana?
— Em verdade, para conseguirmos alguma idéia precisa no dicionário terreno, com respeito ao poder do fluído magnético, que constitui por si emanação controlada de força mental sob a alavanca da vontade, será interessante figurar o nosso veículo de manifestação como sendo o Estado Orgânico em que nos expressamos na condição de Espíritos imortais, em multifá­ria graduação evolutiva.
Semelhante esfera celular, para a nossa conceituação mais simples na técnica fraseológica das criaturas encarnadas (13), pode ser dividida em duas partes essenciais — o hemisfério visível ou campo somático e o hemisfério por enquanto invisível na Terra ao sensório comum, ou campo psicossomático.
(13) Definição somente aplicável no Plano Físico mais denso. — (Nota do Autor espiritual)

No primeiro, temos o comboio fisiológico tangível, capaz de oferecer positivos elementos de estudo à perquirição histológica.
No segundo, encontramos o perispírito da definição kar­dequiana, ou corpo espiritual, que preside a todas as formações do cosmo físico.

Observando, assim, o carro de exteriorização da inteligên­cia por um Estado Orgânico, perfeitamente estruturado em sua base e comportamento, é fácil interpretar-lhe os órgãos como províncias diferenciadas entre si, não obstante conjugadas em sintonia de ação para os mesmos fins, e apreciar-lhe os milhões de células como entidades microscópicas em comunidades dis­tintas, como povos infinitesimais a se caracterizarem por ativi­dades específicas.
Representando o sistema hemático, no corpo humano, o conjunto das energias circulantes no psicossoma, energias essas tomadas pela mente, através da respiração, ao infinito reservató­rio do fluído cósmico, é para ele que se encontra íntimamente associado ao estímulo nervoso ou aparelho de comunicação en­tre o governo do Estado simbólico a que nos referimos e suas províncias e cidadãos — os órgãos e as células.
Correspondendo a centros vitais do perispírito — que não podemos entender agora, por ausência de terminologia adequa­da entre os homens —, temos o eritrônio, o leucocitônio e o trombônio, tanto quanto o sistema retículo-endotelial e os gân­glios linfáticos, dando nascimento, no plasma sangüíneo, às co­letividades corpusculares das hemácias, dos leucócitos, dos trombócitos, dos macrófagos e dos linfócitos a se dividirem através de famílias numerosas, em trabalho incessante, desde as usinas geratrizes do baço e da medula óssea, do fígado e dos gânglios, até o estroma dos órgãos.
Reconhecendo-se a capacidade do fluído magnético para que as criaturas se influenciem reciprocamente, com muito mais amplitude e eficiência atuará ele sobre as entidades celulares do Estado Orgânico — particularmente as sangüíneas e as histioci­tárias —, determinando-lhes o nível satisfatório, a migração ou a extrema mobilidade, a fabricação de anticorpos ou, ainda, a improvisação de outros recursos combativos e imunológicos, na defesa contra as invasões bacterianas e na redução ou extinção dos processos patogênicos, por intermédio de ordens automáti­cas da consciência profunda.
Toda queda moral nos seres responsáveis opera certa le­são no hemisfério psicossomático ou perispírito, a refletir-se em desarmonia no hemisfério somático ou veículo carnal, provo­cando determinada causa de sofrimento.
A dor, portanto, dessa ou daquela forma, é sempre uma situação de alarma ou emergência, mais ou menos durável no império orgânico, requisitando o socorro externo da medicina do corpo ou da alma, na execução do alívio ou da cura.
Pelo passe magnético, no entanto, notadamente naquele que se baseie no divino manancial da prece, a vontade fortaleci­da no bem pode soerguer a vontade enfraquecida de outrem para que essa vontade novamente ajustada à confiança magneti­ze naturalmente os milhões de agentes microscópicos a seu ser­viço, a fim de que o Estado Orgânico, nessa ou naquela contin­gência, se recomponha para o equilíbrio indispensável.
Assim é que orar em nosso favor é atrair a Força Divina para a restauração de nossas forças humanas, e orar a benefício dos outros ou ajudá-los, através da energia magnética, à disposi­ção de todos os espíritos que desejem realmente servir, será sempre assegurar-lhes as melhores possibilidades de auto-rea­justamento, compreendendo-se, porém, que se o amor consola, instrui, ameniza, levanta, recupera e redime, todos estamos con­dicionados à justiça a que voluntariamente nos rendemos, pe­rante a Vida Eterna, justiça que preceitua, conforme o ensina­mento de Nosso Senhor Jesus-Cristo, seja dado isso ou aquilo a cada um segundo as suas próprias obras”, cabendo-nos re­cordar que as obras felizes ou menos felizes podem ser fruto de nossa orientação todos os dias e, por isso mesmo, todos os dias será possível alterar o rumo de nosso próprio roteiro.
— Qual a velocidade da emissão fluídica de um passe?
— A questão envolve, na base, o estudo da partícula do pensamento, em sua composição de estrutura e potencial, para o que ainda não possuímos qualquer recurso nas definições huma­nas.

Uberaba, 11/6/58.

36 DETERMINAÇÃO DO SEXO


— Como devemos encarar a possibilidade de a ciência humana patrocinar a determinação de sexo no início da gestação?

— Compreendendo-se que nos vertebrados o desenho gonadal ­se reveste de potencialidades bissexuais no começo da formação, é claramente possível a intervenção da ciência terrestre na determinação do sexo, na primeira fase da vida embrioná­ria; contudo, importa considerar que semelhante ingerência na esfera dos destinos humanos traria conseqüências imprevisíveis à organização moral, entre as criaturas, porque essa atuação indébita se verificaria apenas no campo morfológico, impondo talvez inversões desnecessárias e imprimindo graves complica­ções ao foro íntimo de quantos fossem submetidos a tais processos de experimentação, positivamente contrários à inteligência que reflete a Sabedoria de Deus.

Pedro Leopoldo, 15/6/58.

37 DESENCARNAÇÃO


— Podemos considerar a desencarnação da alma, em plena infância, como sendo uma punição das Leis Divi­nas, na maioria das vezes?
— Muitas existências são frustradas no berço, não por simples punição externa da Lei Divina, mas porque a própria Lei Divina funciona em todos nós, desde que todos existimos no hausto do Criador.
Freqüentemente, através do suicídio, integralmente deliberado, ou do próprio desregramento, operamos em nossa alma desequilíbrios, quais tempestades ocultas, que desencadeamos, por teimosia, no campo da natureza íntima.
Cargas venenosas, instrumentos perfurantes, projétis fulminatórios, afogamentos, enforcamentos, quedas calculadas de grande altura e multiformes viciações com que as criaturas responsáveis arruínam o próprio corpo ou o aniquilam, impondo-lhe a morte prematura, com plena desaprovação da consciência, determinam processos degenerativos e desajustes nos centros essenciais do psicossoma, notadamente naqueles que governam o córtex encefálico, as glândulas de secreção interna, a organização ­emotiva e o sistema hematopoético.
Ante o impacto da desencarnação provocada, semelhantes recursos da alma entram em pavoroso colapso, sob traumatismo para o qual não há termo correlato na diagnose terres­tre.
Indescritíveis flagelações, que vão da inconsciência des­contínua à loucura completa, senhoreiam essas mentes tortura­das, por tempo variável, conforme as atenuantes e agravantes da culpa, induzindo as autoridades superiores a reinterná-las no plano carnal, quais enfermos graves, em celas físicas de breve duração, para que se reabilitem, gradativamente, com a justa cooperação dos Espíritos reencarnados, cujos débitos com eles se afinem.
Eis por que um golpe suicida no coração, acompanhado pelo remorso, causará comumente diátese hemorrágica, com perda considerável da protrombina do sangue, naqueles que re­nascem para tratamento de recuperação do corpo espiritual em distonia; o auto-envenenamento ocasionará, nas mesmas condi­ções, deploráveis desarmonias nas regiões psicossomáticas cor­respondentes à medula vermelha, conturbando o nascimento das hemácias, tanto em sua evolução intravascular, dentro dos sinu­sóides, como também na sua constituição extravascular, no retí­culo, gerando as distroftas congênitas do eritrônio com hemopa­tias diversas; os afogamentos e enforcamentos, em identidade de circunstáncias, impõem naqueles que os provocam os fenômenos da incompatibilidade materno-fetal, em que os chamados fatores Rh, de modo geral, após a primeira gestação, permitem que a hemolisina alcance a fronteira placentária, sintonizando-se com a posição mórbida da entidade reencarnante, a se externa­rem na eritroblastose fetal, em suas variadas expressões; e o voluntário esfacelamento do crânio, a queda procurada de grande altura e as viciações do sentimento e do raciocínio estabelecem no veículo espiritual múltiplas ocorrências de arritmia cerebral, a se revelarem nos doentes renascituros, através da eclampsia e da tetania dos latentes, da hidrocefalia, da encefalite letárgica, das encefalopaxias crônicas, da psicose epiléptica, da idiotia, do mongolismo e de várias morboses oriundas da insuficiência glandular.
Claro está que não relacionamos nessa sucinta apreciação os problemas do suicídio associado ao homicídio, os quais, muita vez, se fazem seguidos, em reencarnação posterior do in­feliz, por lamentáveis reações, com a morte acidental ou violen­ta na infância, traduzindo estação inevitável no ciclo do resgate.
No que tange, porém, às moléstias mencionadas, surgem todas elas nos mais diferentes períodos, crestando a existência do veículo físico, via de regra, desde a vida “in utero” até os dezoito e vinte anos de experiência recomeçante e, como ve­mos, são doenças secundárias, porqüanto a etiologia que lhes éprópria reside na estrutura complexa da própria alma.
Urge ainda considerar que todos os enfermos dessa es­pécie são conduzidos a outros enfermos espirituais — os ho­mens e as mulheres que corromperam os próprios centros genésicos pela delinqüência emotiva ou pelos crimes reiterados do aborto provocado, em existências do pretérito próximo, para que, servindo na condição de atendentes e guardiães de companheiros que também se conspurcaram perante a Eterna Justiça, se recuperem, a seu turno, regenerando a si mesmos pelo amoroso devotamento com que lutam e choram, no amparo aos filhinhos condenados à morte, ou atormentados des­de o berço.
Segundo observamos, portanto, as existências interrompi­das, no alvorecer do corpo denso, raramente constituem balizas terminais de prova indispensável na senda humana, porque, na maioria dos sucessos em que se evidenciam, representam cursos rápidos de socorro ou tratamento do corpo espiritual desequili­brado por nossos próprios excessos e inconseqüências, compe­lindo-nos a reconhecer, com o Apóstolo Paulo (14), que o nosso instrumento de manifestação, seja onde for, é templo da Força Divina, por intermédio do qual, associando corpo e alma, nos cabe a obrigação de aperfeiçoar-nos, aprimorando a vida, na exaltação constante a Deus.
— Há casos de desencarnação estando o Espírito desdo­brado, por exemplo, nas zonas umbralinas e o corpo em estado comatoso?
— Isso pode acontecer perfeitamente, do ponto de vista da exteriorização do pensamento, porque céu e inferno, expri­mindo equilíbrio e perturbação, alegria e dor, começam invariavelmente em nós mesmos.
- Os Espíritos encarnados que sofreram desiquilíbrio mental de alta expressão voltam imediatamente à lucidez espiritual após a desencarnação?
— Isso nunca sucede, porqüanto a perturbação dilatada exige a convalescença indispensável, cuja duração naturalmente varia com o grau de evolução do enfermo em reajuste.

(14) 1ª Epístola aos Coríntios, capítulo 6º, versículos 19 e 20. — (Nota do Autor espiritual)

Uberaba, 18/6/58.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

38 EVOLUÇÃO E DESTINO


— O mal está determinado no conteúdo do nosso desti­no?
— Ninguém nasce destinado ao mal, porque semelhante disposição derrogaria os fundamentos do Bem Eterno sobre os quais se levanta a Obra de Deus.
O Espírito renascente no berço terrestre traz consigo a provação expiatória a que deve ser conduzido ou a tarefa reden­tora que ele próprio escolheu, de conformidade com os débitos contraídos.
Prevalece aí o mesmo princípio que vige para as socieda­des terrestres, pelo qual, se o homem é malfeitor confesso, deve ser segregado em estabelecimento correcional adequado para a reeducação precisa, e, se é apenas aprendiz no campo da expe­riência, com dívidas e créditos, sem falta grave a resgatar, é jus­to possa pedir às autoridades superiores, que lhe presidem os movimentos, o gênero de trabalho ou de luta em que se sinta mais apto ao serviço de auto-aperfeiçoamento. Entendamos, po­rém, que, se perpetrou delito passível de dolorosa punição, não é ele internado na penitenciária ou no trabalho reparador para que se desmande, deliberadamente, em delitos maiores, o que apenas lhe agravaria as culpas já formadas perante a Lei.
É natural que o devedor, nessa ou naquela forma de resga­te, venha a sofrer fortes impulsos e recidivas no erro em que fa­liu, tanto maiores quão mais extenso lhe tenha sido o transviamento moral; entretanto, a provação deve ser assimilada como recurso de emenda, nunca por válvula de expansão das dívidas assumidas.
Desse modo, ninguém recebe do Plano Superior a deter­minação de ser relapso ou vicioso, madraço ou delinqüente, com passagem justificada no latrocínio ou na dipsomania, no meretrício ou na ociosidade, no homicídio ou no suicídio, Pade­cemos, sim, nesse ou naquele setor da vida, durante a recapitu­lação de nossas próprias experiências, o impulso de enveredar por esse ou aquele caminho menos digno, mas isso constitui a influência de nosso passado em nós, instilando-nos a tentação, originariamente toda nossa, de tornar a ser o que já fomos, em contra-posição ao que devemos ser.
— Qual a relação percentual de tempo existente entre os estágios que o Espírito de elevação mediana vive como encarnado e como desencarnado?
— A percentagem de tempo no plano espiritual para as criaturas de evolução mediana varia com o grau de aproveita­mento de tempo no estágio recente que desfrutaram no corpo físico.
Quão mais vasta a provisão de conhecimento e maior a aquisição de virtudes, por parte do Espírito, mais largo período desfruta na Esfera Superior para obtenção de mais nobres recur­sos para mais alta ascensão.
— Poderíamos identificar algum elo da evolução que existe no Plano Extrafísico e que é desconhecido na Ter­ra?
— Além do plano físico, a investigação humana encontra­rá material valioso de observação para elucidar os variados pro­blemas concernentes à evolução do ser.
- Ainda, na atualidade, os instrutores Espirituais inter­vêm na melhoria das formas evolutivas inferiores nas quais o princípio inteligente estagia?
- Sim, porque todos os campos da Natureza contam com agentes da Sabedoria Divina para a formação e expansão dos valores evolutivos.
- Dentre todos os animais superiores, abaixo do homem, qual é o detentor de mais dilatadas idéias-fragmen­tos?
- O assunto demanda longo estudo técnico na esfera da evolução, porque há idéias-fragmentos de determinado sentido mais avançadas em certos animais que em outros. Assim, da assim, nomearemos o cão e o macaco, o gato e o elefante, o muar e o cavalo como elementos de vossa experiência usual mais amplamente dotados de riqueza mental, como introdução ao pensa­mento contínuo.
(figura - quadro de Van Gogh)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

32a. FEIRA DO LIVRO ESPÍRITA


3 a 17 de outubro de 2009

das 8:00 hrs. as 22:30 hrs

Praça XV de Novembro-
03/10 (sábado) – 10h –Abertura da Feira com apresentação musical de José Domingos Ibelli, de Araraquara.
Palestra e sessão de autógrafos com José Carlos Ângelo Cintra, autor do livro “Viva a Vida!”.- 03/10 (sábado) 19h30min – Apresentação musical: dueto Ronaldo e Tânia Campos;-
03/10 (sábado) 20hs – palestra com Otaciro Rangel Nascimento.Tema: “Sexualidade e Espiritismo”;-
04/10 (domingo) 17h – Tarde de autógrafos com Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho;-
04/10 (domingo) – 20h – Palestra com José de Almeida Júnior.Tema: “Medicina e Espiritismo”;-
08/10 (quinta) – 19h30 – Desenho mediúnico para a saúde com Maria Fátima do Nascimento;- 10/10 (sábado) – 19h30 – Apresentação musical do Coral São Carlos;-
10/10 (sábado) – 20h – Palestra com Paulo César Lodi.Tema: “Casamento e Espiritismo”;- 11/10 (domingo) – 17h – Palestra/Sessão de autógrafos com Lygia Barbiére Amaral.Livro: “A ferro e flores” – mais recente lançamento da escritora (autora de: “Jardim dos girassóis”, “Sono dos Hibiscos”, “Luz que vem de dentro”, entre outros);-
11/10 (domingo) – 20h – Palestra com Karina Granado.Tema: “Fidelidade de Deus”;-
12/10 (Feriado) – 18h – Mágicas com Paulo Toma;
12/10 (Feriado) – 19h45 – Declamação de poesia com Vinício Bolívar Garcia Cueto;-
12/10 (Feriado) – 20h – Palestra com Ricardo Vieira.Tema: “Alcoolismo e dependência química”;-
15/10 (quinta) 19h30min – Desenho mediúnico para a saúde com Maria Fátima do Nascimento;-
17/10 (sábado) – 19h30 – Apresentação musical do Coral “Canto do Canto”, do G.F.E Irmão Batuíra;-
17/10 (sábado) – 20h – Palestra com Paulo Scanavez.Tema: “Reforma Íntima”.-
Encerramento - dia 18/10 as 12h00

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39 PREDISPOSIÇÕES MÓRBIDAS


— Como apreendermos a existência das predisposições mórbidas do corpo espiritual?
- Não podemos olvidar que a imprudência e o ócio se responsabilizam por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da gula, as infecções tornadas de higiene, os desequilíbrios nervosos nascidos da toxicomania e a exaustão decorrente de excessos vários.
De modo geral, porém, a etiologia das moléstias perdurá­veis, que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas.
A recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de “zona de remorso”, em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
Estabelecida a idéia fixa sobre esse “nódulo de forças desequilibradas”, é indispensável que acontecimentos, reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo ou exatamente redimidos perante a Lei.
Essas enquistações de energias profundas, no imo de nos­sa alma, expressando as chamadas dívidas cármicas, por se fi­liarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da Lei Divina em qualquer idade da nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros.
É assim que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio vindicati­vo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em pro­cessos de obsessão. Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os resí­duos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamen­to à higiene moral.
— Como pode o débil mental comandar a renovação ce­lular do seu corpo físico ?
— Não será lícito esquecer que, mesmo conturbada, a consciência está presente nos débeis mentais ou nos doentes nervosos de toda espécie, presidindo, ainda que de modo impre­ciso e imperfeito, o automatismo dos processos orgânicos.
— Existem “parasitas ovóides” vampirizando desencar­nados?
— Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicati­va, nos círculos inferiores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e comoventes pela ignorância e pai­xão que os provocam.
— Como entenderemos o mecanismo de atuação da Jus­tiça Superior nos casos de endemias rurais, em que populações inteiras são assoladas periodicamente pelas mes­mas doenças?
— As endemias são quase sempre doenças que grassam numa coletividade ou numa região, dependendo de causas sim­plesmente locais. Devemos, assim, capitulá-las, não obstante os casos cármicos individuais que se agravam por influência delas, no quadro das conquistas higiênicas que o homem é natural­mente obrigado a realizar por si, como preço devido ao progres­so comum.
— No estado comatoso, onde se encontra o psicossoma do enfermo? Junto ao corpo físico ou afastado dele?
— No estado de coma, o aprisionamento do corpo espiri­tual ao arcabouço físico, ou a parcial liberação dele, depende da situação mental do enfermo.
— Quais os principais métodos usados na Espiritualida­de para o tratamento das lesões do corpo espiritual?
— Na Espiritualidade, os servidores da medicina pene­tram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com o êxito possível, os mecanismos da doença que lhe são par­ticulares.
Aí, os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às inspecções instrumentais e labo­ratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes de nova reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuraram.
Curial, portanto, é que o médico espiritual se utilize ain­da, de certa maneira, da medicação que vos é conhecida, no so­corro aos desencarnados em sofrimento, porque, mesmo no mundo, todo remédio da farmacopéia humana, até certo ponto, éprojeção de elementos quimioelétricos sobre agregações celula­res, estimulando-lhes as funções ou corrigindo-as, segundo as disposições do desequilíbrio em que a enfermidade se expresse.
Contudo, é imperioso reconhecer que na Esfera Superior o médico não se ergue apenas com o pedestal da cultura acadê­mica, qual ocorre freqüentemente entre os homens, mas sim também com as qualidades morais que Lhe confiram valor e ponderação, humildade e devotamento, visto que a psicoterapia e o magnetismo, largamente usados no plano extrafísico, exi­gem dele grandeza de caráter e pureza de coração.

Uberaba, 25/6/58.