segunda-feira, 21 de setembro de 2009

39 PREDISPOSIÇÕES MÓRBIDAS


— Como apreendermos a existência das predisposições mórbidas do corpo espiritual?
- Não podemos olvidar que a imprudência e o ócio se responsabilizam por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da gula, as infecções tornadas de higiene, os desequilíbrios nervosos nascidos da toxicomania e a exaustão decorrente de excessos vários.
De modo geral, porém, a etiologia das moléstias perdurá­veis, que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas.
A recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de “zona de remorso”, em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
Estabelecida a idéia fixa sobre esse “nódulo de forças desequilibradas”, é indispensável que acontecimentos, reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo ou exatamente redimidos perante a Lei.
Essas enquistações de energias profundas, no imo de nos­sa alma, expressando as chamadas dívidas cármicas, por se fi­liarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da Lei Divina em qualquer idade da nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros.
É assim que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio vindicati­vo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em pro­cessos de obsessão. Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os resí­duos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamen­to à higiene moral.
— Como pode o débil mental comandar a renovação ce­lular do seu corpo físico ?
— Não será lícito esquecer que, mesmo conturbada, a consciência está presente nos débeis mentais ou nos doentes nervosos de toda espécie, presidindo, ainda que de modo impre­ciso e imperfeito, o automatismo dos processos orgânicos.
— Existem “parasitas ovóides” vampirizando desencar­nados?
— Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicati­va, nos círculos inferiores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e comoventes pela ignorância e pai­xão que os provocam.
— Como entenderemos o mecanismo de atuação da Jus­tiça Superior nos casos de endemias rurais, em que populações inteiras são assoladas periodicamente pelas mes­mas doenças?
— As endemias são quase sempre doenças que grassam numa coletividade ou numa região, dependendo de causas sim­plesmente locais. Devemos, assim, capitulá-las, não obstante os casos cármicos individuais que se agravam por influência delas, no quadro das conquistas higiênicas que o homem é natural­mente obrigado a realizar por si, como preço devido ao progres­so comum.
— No estado comatoso, onde se encontra o psicossoma do enfermo? Junto ao corpo físico ou afastado dele?
— No estado de coma, o aprisionamento do corpo espiri­tual ao arcabouço físico, ou a parcial liberação dele, depende da situação mental do enfermo.
— Quais os principais métodos usados na Espiritualida­de para o tratamento das lesões do corpo espiritual?
— Na Espiritualidade, os servidores da medicina pene­tram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com o êxito possível, os mecanismos da doença que lhe são par­ticulares.
Aí, os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às inspecções instrumentais e labo­ratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes de nova reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuraram.
Curial, portanto, é que o médico espiritual se utilize ain­da, de certa maneira, da medicação que vos é conhecida, no so­corro aos desencarnados em sofrimento, porque, mesmo no mundo, todo remédio da farmacopéia humana, até certo ponto, éprojeção de elementos quimioelétricos sobre agregações celula­res, estimulando-lhes as funções ou corrigindo-as, segundo as disposições do desequilíbrio em que a enfermidade se expresse.
Contudo, é imperioso reconhecer que na Esfera Superior o médico não se ergue apenas com o pedestal da cultura acadê­mica, qual ocorre freqüentemente entre os homens, mas sim também com as qualidades morais que Lhe confiram valor e ponderação, humildade e devotamento, visto que a psicoterapia e o magnetismo, largamente usados no plano extrafísico, exi­gem dele grandeza de caráter e pureza de coração.

Uberaba, 25/6/58.

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