quarta-feira, 30 de setembro de 2009

28 MATRIMÔNIO E DIVÓRCIO


— Poderíamos receber algumas noções acerca do matri­mônio, bem como do divórcio no Plano Físico, examina­dos espiritualmente?
— Nas esferas elevadas, as almas superiores identificam motivo de honra no serviço de amparo aos companheiros menos evolvidos que estagiam nos planos inferiores.
Não podemos olvidar que, na Terra, o matrimônio pode assumir aspectos variados, objetivando múltiplos fins. Em razão disso, acidentalmente, o homem ou a mulher encarnados podem experimentar o casamento terrestre diversas vezes, sem encon­trar a companhia das almas afins com as quais realizariam a união ideal. Isso porque, comumente, é preciso resgatar essa ou aquela dívida que contraímos com a energia sexual, aplicada de maneira infeliz ante os princípios de causa e efeito.
Entretanto, se o matrimônio expiatório ocorre em núpcias secundinas, o cônjuge liberado da veste física, quando se ajuste à afeição nobre, freqüentemente se coloca a serviço da compa­nheira ou do companheiro na retaguarda, no que exercita a com­preensão e o amor puro. Quanto à reunião no Plano Espiritual, é razoável se mantenha aquela em que prevaleça a conjunção dos semelhantes, no grau mais elevado da escala de afinidades eleti­vas. Se os viúvos e as viúvas das núpcias efetuadas em grau me­nor de afinidade demonstram sadia condição de entendimento, são habitualmente conduzidos, depois da morte, ao convívio do casal restituído à comunhão, desfrutando posição análoga à dos filhos queridos junto dos pais terrenos, que por eles se subme­tem aos mais eloqüentes e multifários testemunhos de carinho e sacrifício pessoal para que atendam, dignamente, à articulação dos próprios destinos.
Contudo, se a desesperação do ciúme ou a nuvem do des­peito enceguecem esse ou aquele membro da equipe fraterna, os cônjuges reassociados no plano superior amparam-lhe a reen­carnação, à maneira de benfeitores ocultos, interpretando-lhes a rebelião por sintoma enfermiço, sem lhes retirar o apoio amigo, até que se reajustem no tempo.
Ninguém veja nisso inovação ou desrespeito ao sentimen­to alheio, porqüanto o lar terrestre enobrecido, se analisado sem preconceitos, permanece estruturado nessas mesmas bases es­senciais, de vez que os pais humanos recebem, muitas vezes, no instituto doméstico, por filhos e filhas, aqueles mesmos laços do passado, com os quais atendem ao resgate de antigas contas, purificando emoções, renovando impulsos, partilhando compro­missos ou aprimorando relações afetivas de alma para alma. É nessa condição que em muitas circunstancias surgem nas enti­dades renascentes sem que o véu da reencarnação lhes esconda de todo a memória, as psiconeuroses e fixações infanto-juvenis, cuja importância na conduta sexual da personalidade é exagera­da em excesso pelos sexólogos e psicanalistas da atualidade, ca­rentes de mais amplo contato com as realidades do Espírito e da reencarnação, que lhes permitiriam ministrar aos seus pacientes mais efetivo socorro de ordem moral.
Quanto ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou não, sem vínculos graves no princípio da responsabilidade assumida em comum.
Mal saídos do regime poligâmico, os homens e as mulhe­res sofrem-lhe ainda as sugestões animalizantes e, por isso mes­mo, nas primeiras dificuldades da tarefa a que foram chamados, costumam desertar dos postos de serviço em que a vida os situa, alegando imaginárias incompatibilidades e supostos embaraços, quase sempre simplesmente atribuíveis ao desregrado narcisis­mo de que são portadores. E com isso exercem viciosa tirania sobre o sistema psíquico do companheiro ou da companheira mutilados ou doentes, necessitados ou ignorantes, após explo­rar-lhes o mundo emotivo, quando não se internam pelas aven­turas do homicídio ou do suicídio, espetaculares, com a fuga voluntária de obrigações preciosas.
É imperioso, assim, que a sociedade humana estabeleça regulamentos severos a benefício dos nossos irmãos contuma­zes na infidelidade aos compromissos assumidos consigo pró­prios, a benefício deles, para que se não agreguem a maior des­governo, e a benefício de si mesma, a fim de que não regresse àpromiscuidade aviltante das tabas obscuras, em que o princípio e a dignidade da família ainda são plenamente desconhecidos.
Entretanto, é imprescindível que o sentimento de humani­dade interfira nos casos especiais, em que o divórcio é o mal menor que possa surgir entre os grandes males pendentes sobre a fronte do casal, sabendo-se, porém, que os devedores de hoje voltarão amanhã ao acerto das próprias contas.

Pedro Leopoldo, 18/5/58.

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