quarta-feira, 30 de setembro de 2009

21 ALIMENTAÇÃO DOS DESENCARNADOS

- Como se verifica a alimentação dos Espíritos desen­carnados?
- Encarecendo a importância da respiração no sustento do corpo espiritual, basta lembrar a hematose no corpo físico, pela qual o intercâmbio gasoso se efetua com segurança,
através dos alvéolos, nos quais os gases se transferem do meio exterior para o meio interno e vice-versa, atendendo à assimilação e de­sassimilação de variadas atividades químicas no campo orgâni­co.
O oxigênio que alcança os tecidos entra em combinação com determinados elementos, dando, em resultado, o anidrido carbônico e a água, com produção de energia destinada à manutenção das províncias somáticas.
Estudando a respiração celular, encontraremos, junto aos próprios arraiais da ciência humana, problemas somente eqüa­cionáveis com a ingerência automática do corpo espiritual nas funções do veículo físico, porque os fenômenos que lhe são consequentes se graduam em tantas fases diversas que o fisiolo­gista, sem noções do Espírito, abordá-los-á sempre com a per­plexidade de quem atinge o insolúvel.
Sabemos que para a subsistência do corpo físico é impres­cindível a constante permuta de substâncias, com incessante transformação de energia.
Substância e energia se conjugam para fornecer ao carro fisiológico os recursos necessários ao crescimento ou à repara­ção do contínuo desgaste, produzindo a força indispensável àexistência e os recursos reguladores do metabolismo.
O alimento comum ao corpo carnal experimenta, de início, a digestão, pela qual os elementos coloidais indifusíveis se transubstanciam em elementos cristalóides difusíveis, conver­tendo-se ainda as matérias complexas em matérias mais sim­ples, acessíveis à absorção, a que se sucede a circulação dos va­lores nutrientes, suscetíveis de aproveitamento pelos tecidos, seja em regime de aplicação imediata, seja no de reserva, desti­nando-se os resíduos à expulsão natural.
A ciência terrena não desconhece que o metabolismo guarda a tendência de manter-se em estabilidade constante, tan­to assim que, reconhecidamente, a despesa de oxigênio e o teor de glicemia em jejum revelam quase nenhuma diferença de dia para dia.
É que o corpo espiritual, comandando o corpo físico, sana espontaneamente, quando harmonizado em suas próprias funções, todos os desequilíbrios acidentais nos processos metabólicos, presidindo as reações do campo nutritivo comum.
Não ignoramos, desse modo, que desde a experiência car­nal o homem se alimenta muito mais pela respiração, colhendo o alimento de volume simplesmente como recurso complemen­tar de fornecimento plástico e energético, para o setor das calo­rias necessárias à massa corpórea e à distribuição dos potenciais de força nos variados departamentos orgânicos.
Abandonado o envoltório físico na desencarnação, se o psicossoma está profundamente arraigado às sensações terres­tres, sobrevém ao Espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar, e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto-reajustamen­to, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão espeta­cular.
Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do Plano Espiritual, onde encontram ali­mentação semelhante à da Terra, porém fluídica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos sistemas de sus tentação da Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de substância é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evi­dencie o enobrecimento da alma, porqüanto, pela difusão cutâ­nea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade, nu­tre-se de produtos sutilizados ou sínteses quimioeletromagnéti­cas, hauridas no reservatório da Natureza e no intercâmbio de raios vitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si.
Essa alimentação psíquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia orgânica e mental da per­sonalidade. Daí porque toda criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral.
De qualquer modo, porém, o corpo espiritual com alguma provisão de substância específica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se apenas da difusão cutânea para refa­zer seus potenciais energéticos, conta com os processos da assi­milação e da desassimilação dos recursos que lhe são peculia­res, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos, pela epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela harmonia de nível, nas operações nutriti­vas, e pela essencialização dos elementos absorvidos, não exis­tem para o veículo psicossomático determinados excessos e in­conveniências dos sólidos e líquidos da excreta comum.

Uberaba, 16/4/58.

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