quarta-feira, 30 de setembro de 2009

34 ABORTO CRIMINOSO


— Reconhecendo-se que os crimes do aborto provocada criminosamente surgem, em esmagadora maioria, nas classes mais responsáveis da comunidade terrestre, como identificar o trabalho expiatório que lhes diz respeito, se passam quase totalmente despercebidas da justiça huma­na?

— Temos no Plano Terrestre cada povo com o seu código penal apropriado à evolução em que se encontra; mas, considerando o Universo em sua totalidade como Reino Divino, vamos encontrar o Bem do Criador para todas as criaturas, como Lei básica, cujas transgressões deliberadas são corrigidas no próprio infrator, com o objetivo natural de conseguir-se, em cada círculo de trabalho no Campo Cósmico, o máximo de equilíbrio o com respeito máximo aos direitos alheios, dentro da mínima pena.

Atendendo-se, no entanto, a que a Justiça Perfeita se eleva, indefectível, sobre o Perfeito Amor, no hausto de Deus “em nos que movemos e existimos”, toda reparação, perante a Lei básica a que nos reportamos, se realiza em termos de vida eterna ­e não segundo a vida fragmentária que conhecemos na encarnação humana, porqüanto, uma existência pode estar repleta de acertos e desacertos, méritos e deméritos e a Misericórdia do Senhor preceitua, não que o delinqüente seja flagelado, com exte­nsão indiscriminada de dor expiatória, o que seria volúpia de castigar nos tribunais do destino, invariavelmente regidos pela Eqüidade Soberana, mas sim que o mal seja suprimido de suas vítimas, com a possível redução do sofrimento.

Desse modo, segundo o princípio universal do Direito Cósmico a expressar-se, claro, no ensinamento de Jesus que manda conferir “a cada um de acordo com as próprias obras”, arquivamos em nós as raízes do mal que acalentamos para extir­pá-las à custa do esforço próprio, em companhia daqueles que se no afinem à faixa de culpa, com os quais, perante a Justiça Eterna, os nossos débitos jazem associados.

Em face de semelhantes fundamentos, certa romagem na carne, entremeada de créditos e dívidas, pode terminar com apa­rências de regularidade irrepreensível para a alma que desencar­na, sob o apreço dos que lhe comungam a experiência, seguin­do-se de outra em que essa mesma criatura assuma a empreitada do resgate próprio, suportando nos ombros as conseqüências das culpas contraídas diante de Deus e de si mesma, a fim de reabilitar-se ante a Harmonia Divina, caminhando, assim, transitoriamente, ao lado de Espíritos incursos em regeneração da mesma espécie.

É dessa forma que a mulher e o homem, acumpliciados nas ocorrências do aborto delituoso, mas principalmente a mu­lher, cujo grau de responsabilidade nas faltas dessa natureza é muito maior, à frente da vida que ela prometeu honrar com no­breza, na maternidade sublime, desajustam as energias psicos­somáticas, com mais penetrante desequilíbrio do centro genési­co, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que frutescerão, mais tarde, em regime de produção a tempo certo.

Isso ocorre não somente porque o remorso se lhes entra­nhe no ser, à feição de víbora magnética, mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero e, por vezes, de revolta e vingança dos Espíritos que a Lei lhes reservara para filhos do próprio sangue, na obra de restau­ração do destino.

No homem, o resultado dessas ações aparece, quase sem­pre, em existência imediata àquela na qual se envolveu em com­promissos desse jaez, na forma de moléstias testiculares, disen­docrinias diversas, distúrbios mentais, com evidente obsessão por parte de forças invisíveis emanadas de entidades retardatá­rias que ainda encontram dificuldade para exculpar-lhes a deser­ção.

Nas mulheres, as derivações surgem extremamente mais graves. O aborto provocado, sem necessidade terapêutica, reve­la-se matematicamente seguido por choques traumáticos no cor­po espiritual, tantas vezes quantas se repetir o delito de lesa-ma­ternidade, mergulhando as mulheres que o perpetram em angús­tias indefiníveis, além da morte, de vez que, por mais extensas se lhes façam as gratificações e os obséquios dos Espíritos Ami­gos e Benfeitores que lhes recordam as qualidades elogiáveis, mais se sentem diminuídas moralmente em si mesmas, com o centro genésico desordenado e infeliz, assim como alguém in­debitamente admitido num festim brilhante, carregando uma chaga que a todo instante se denuncia.

Dessarte, ressurgem na vida física, externando gradativa­mente, na tessitura celular de que se revestem, a disfunção que podemos nomear como sendo a miopraxia do centro genésico atonizado, padecendo, logo que reconduzidas ao curso da maternidade terrestre, as toxemias da gestação. Dilapidado o equi­líbrio do centro referido, as células ciliadas, mucíparas e inter-calares não dispõem da força precisa na mucosa tubária para a condução do óvulo na trajetória endossalpingeana, nem para ali­mentá-lo no impulso da migração por deficiência hormonal do ovário, determinando não apenas os fenômenos da prenhez ectópica ou localização heterotópica do ovo, mas também certas síndromes hemorrágicos de suma importância, decorrentes da nidação do ovo fora do endométrio ortotópico, ainda mesmo quando já esteja acomodado na concha uterina, trazendo habi­tualmente os embaraços da placentação baixa ou a placenta pré­via hemorragipara que constituem, na parturição, verdadeiro su­plício para as mulheres portadoras do órgão germinal em desa­juste.

Enqüadradas na arritmia do centro genésico, outras altera­ções orgânicas aparecem, flagelando a vida feminina como se­jam o descolamento da placenta eutópica, por hiperatividade histolítica da vilosidade corial; a hipocinesia uterina, favorecen­do a germicultura do estreptococo ou do gonococo, depois das crises endometríticas puerperais; a salpingite tubercuksa; a de­generação cística do córto; a salpingooforite, em que o edema e o exsudato fibrinoso provocam a aderência das pregas da mucosa tubária, preparando campo propício às grandes inflamações anexiais, em que o ovário e a trompa experimentam a formação de tumores purulentos que os identificam no mesmo processo de desagregação; os síndromes circulatórios da gravidez aparen­temente normal, quando a mulher, no pretérito, viciou também o centro cardíaco, em conseqüência do aborto calculado e segui­do por disritmia das forças psicossomáticas que regulam o eixo elétrico do coração, ressentindo-se, como resultado, na nova en­carnação e em pleno surto de gravidez, da miopraxia do apare­lho cardiovascular, com aumento da carga plasmática na corren­te sangüínea, por deficiência no orçamento hormonal, daí resul­tando graves problemas da cardiopatia conseqüente.

Temos ainda a considerar que a mulher sintonizada com os deveres da maternidade na primeira ou, às vezes, até na se­gunda gestação, quando descamba para o aborto criminoso, na geração dos filhos posteriores, inocula automaticamente no cen­tro genésico e no centro esplênico do corpo espiritual as causas sutis de desequilíbrio recôndito, a se lhe evidenciarem na exis­tência próxima pela vasta acumulação do antígeno que lhe im­porá as divergências sangüíneas com que asfixia, gradativamen­te, através da hemólise, o rebento de amor que alberga carinho­samente no próprio seio, a partir da segunda ou terceira gesta­ção, porque as enfermidades do corpo humano, como reflexos das depressões profundas da alma, ocorrem dentro de justos pe­ríodos etários.

Além dos sintomas que abordamos em sintética digressão na etiopatogenia das moléstias do órgão genital da mulher, sur­preenderemos largo capítulo a ponderar no campo nervoso, à face da hiperexcitação do centro cerebral, com inquietantes mo­dificações da personalidade, a ralarem, muitas vezes, no marti­rológio da obsessão, devendo-se ainda salientar o caráter dolo­roso dos efeitos espirituais do aborto criminoso, para os gineco­logistas e obstetras delinqüentes.

- Para melhorar a própria situação, que deve fazer a mulher que se reconhece, na atualidade, com dívidas no aborto provocado, antecipando-se, desde agora, no tra­balho da sua própria melhoria moral, antes que a próxima existência lhe imponha as aflições regenerativas?

- Sabemos que é possível renovar o destino todos os dias.

Quem ontem abandonou os próprios filhos pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, necessitados de carinho e abnega­ção.

O próprio Evangelho do Senhor, na palavra do Apóstolo Pedro, adverte-nos quanto à necessidade de cultivarmos ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobre a mul­tidão de nossos males. (12)

(12) 1ª Epístola à Pedro, capítulo 4º, versículo 8 - (Nota do Autor espiritual.)

Pedro Leopoldo, 8/6/58.

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